Piloto de parapente desde 1993. Iniciou a competição em 1995.

Campeã Nacional Feminina: 2002 a 2015
Renovação do título de Campeã Nacional: 2017
Classificação Geral Pré Europeu 2017: 12º lugar

sábado, 2 de outubro de 2010

Hoje terminou a Super Final da Taça do Mundo em Parapente, que decorreu em Denizli – Turquia.

A manga de hoje foi traçada com 39 km de percurso entre  “zig zag” de balizas, com fim de meta em Pamukkale,  debaixo de um ceu completamente 100 por cento tapado de nuvem e cirros, solo completamente à sombra, e, ainda, previsão confirmada na descolagem, de vento de Norte (vento de costas).

Foi decidido que a descolagem seria de Elapse Time, ou seja, cada piloto descola no momento que quer (de acordo com as classificações na  prova), depois da janela aberta e o tempo de corrida começa a contar no momento do seu start individual.

Apesar das condições muito dificeis, há um grande numero de pilotos no golo. Eu, infelizmente não!

Termina a prova e termina este “diário” tambem. Mas, apesar de não ter História, levo comigo para casa muitas histórias, matéria de reflexão ... e o carinho da vossa presença enquanto leitores deste meio literário.
Obrigada a todos,
muito obrigada por terem estado desse lado aí, com a vossa atenção e mensagens que me foram enviando, que foram muito importantes para mim, em todos os momentos. Deram-me muita força, e ajudaram-me a superar alguns menos bons momentos, e fizeram-me sentir melhor ainda nos momentos bons. :)

Deixo umas imagens convosco do ceu e da descolagem de hoje, e já agora, brincando acerca de uma das imagens,  qual será a diferença entre descolar com vento de frente ou de costas?

Abraço, e até sempre

Silvia Ventura






sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Alô a todos
Hoje é o penúltimo dia de prova da Super Final da Taça Mundo em Parapente
Fomos para a descolagem habitual. Com as previsões de tecto a 2900 metros e vento entre os 10 e os 15 nós, estabeleceu-se uma manga de 80 km, com balizas espalhadas ao longo do vale e das cristas de montanha. As espectativas estavam em alta, até porque os primeiros sinais de confluência – as nuvenzinhas - começaram a surgir cedo, sem que houvesse previsão de desenvolvimento das mesmas.

A   janela da prova abriu, e hoje, ao contrário dos dias anteriores, as descolagens dos pilotos decorreram de forma pacífica, sem os gradientes térmicos tão fortes, e de acordo com as classificações da prova.

Descolei bem, e consegui, ao fim de pouco tempo, centrar uma térmica fraca, com alguma deriva, que fui corrigindo. Ao fim de pouco tempo, estava a 2200m, e com 130 pilotos à volta, num curto espaço fisíco, porque estavamos a 3 minutos do ínicio do start. Resolvi afastar-me um pouco, porque, minha nossa, houve 10 ou 12 pilotos que começaram a enrolar o mesmo núcleo que eu, mas mil vezes( J) mais rápidos que eu, e comecei a gritar a pedir-lhes desculpa – Sorry, Sorry -  porque senti que estava a atrapalhar o grupo. Estes pilotos com estas super asas parecem quase ventoinhas à minha volta...
Por duas vezes saí do “carrossel” e parti em busca da minha térmica, mas lá vinham alguns pilotos ter novamente ...fizemos um Start de prova praticamente todos muito perto uns dos outros, e relativamente à mesma altitude – 2200m, e saímos para o plano. E aí continuou a abismal diferença: eu fui indo, e a perder altura, eles foram quase de uma só vez, quase sem perder altitude.
O plano, esse estava bem diferente daquilo que se esperava. Subitamente apercebi-me que em vez das nuvens que lá tinham estado havia pouco mais de 1h atrás, já só se encontravam cirros, e que em vez de estar com acção térmica, estava super estável. A primeira baliza localizava-se no plano, a sensivelmente 8 km de distância. E foi nessa área que acabei por aterrar, tendo sómente conseguido alguns ameaços de ar ascendente, que não se concretizaram em térmica, e que surgiram a uma altura de 15 metros do chão, ao qual, desta vez optei por assegurar a aterragem.
Problemas de hoje: provavelmente a entrada de cirros, que tornou o ar demasiado estável.
Lição de humildade: vão, concerteza, chegar mais de 70 ou 90 pilotos à meta. Parabens a todos esses pilotos.

Deixo-vos algumas imagens dos momentos prévios ao ínicio da prova, na descolagem.
Adoraria tirar fotos aos momentos lindissimos que antecederam o Start, no ar, quando estive com todos estes “pilotaços”, a 2200metros de altitude, mas a verdade é que as mãos têm mesmo que estar a segurar os manobradores da asa!! J J







quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Alô a todos,
Hoje a manga foi cancelada logo pela manhã, sem que nos tenhamos deslocado para o local de voo, por a meteorologia ser de vento forte, na ordem dos 30 km/hora ao nível da descolagem e acima dos 50km/ em altitude.
Para amanhã estão previstos aguaceiros, não estando, no entanto, totalmente descartada a hipótese de se fazer manga, segundo o director de prova. A ver vamos.
Para hoje foi então programada visita à zona das piscinas naturais, a qual não pude usufruir, pela instabilidade ainda presente no meu pé, e para o final do dia foi reforçada a necessidade de estarmos presentes na Assembleia Geral 2010, da PWC (Paragliding World Cup), onde se fez a apresentação do relatório pelo Presidente da PWC; relatório financeiro; apresentação de relatório de contas 2009 e votação; Orçamento 2011 e votação, e ainda coube aos pilotos fazerem a decisão final do modelo de prova da PWC para 2011 – Tour, com 5 ou mais provas; Super Final com mais  5 provas prévias.
- Resultado da votação sobre o modelo de prova da PWC - Super Final com as etapas prévias.
No relatório feito pelo Presidente da PWC, foram mencionados os aspectoss positivos e negativos de cada etapa realizada no ano de 2010 – Brasil; Estados Unidos América; Japão; China; Grécia; Itália e Portugal. Em relação a alguns locais, como a Grécia e Itália o relatório não foi favorável. Em relação a Portugal foi dito que reuniu as condições ideais de trabalho, e de trabalho de equipa, diariamente, ao que foi considerada, no relatório, uma muito boa organização, e muito bom evento. Mais uma vez Parabens à WIND e ao INATEL, enquanto Co-organização desta etapa.
Neste relatório foi feito uma referência aos pilotos nacionais, no que se refere à grande qualidade de  alguns pilotos, considerados pela PWC, e nesta Assembleia, como pilotos ao melhor nível mundial. Meninos manos – Claudio e Nuno Virgílio - Roberto Torres - Paulo Silva e Pedro Moreira – a prestação dos pilotos portugueses foi elogiada nesta Assembleia...
Por último, tenho a registar que hoje foi um super dia de conversa, muita conversa que pude partilhar e ouvir, de algumas referências do voo, que ainda não referi neste blog, mas que hoje aproveito para o fazer: a equipa brasileira que está por cá – Filipe; Samuca; Clayton; Cristiano; Marcelo, e claro, Frank Brown, quem muito admiro há muitos anos.
Hoje partilhámos muita opinião sobre como rentabilizar a questão mental para o voo, nos aspectos da visualização dos objectivos; a associação de outras técnicas como a Programação Neurolinguística...entre outros temas muito interessantes, sempre aplicáveis à modalidade, mas tambem 100% aplicáveis no nosso quotidiano.



Fiquem bem,
Silvia Ventura

terça-feira, 28 de setembro de 2010

28 setembro

6ª Manga Da Super Final da Taça do Mundo em Parapente – Deniszli

Alô a todos
Ainda bem que quando escrevo no blogue já se passaram certamente umas largas horas depois das situações vividas, e a emoção já não está tão à flor da pele.
Hoje deslocámo-nos para outra descolagem, a duas horas de carro de Pamukkale, onde a autarquia local estava preparada para depois da manga servir jantar.
A previsão apontava para tecto 2600m, vento W NW, com 5 nós mais  que ontem, ou seja entre os 15 e 20 nós.

No momento da descolagem foi o filme habitual – vento rajada, constante rajada, e os pilotos a descolar de acordo com as classificações. À medida que os pilotos iam descolando, o director de prova e a responsável pela segurança foram solicitando a opinião aos pilotos, que foi variando entre reports de segurança de níveis 1 e 2, passando para registos de nivel 2 e nível 3, passado cerca de 20 minutos de abertura da janela, ao mesmo tempo que justificavam que o vento que se fazia sentir era demasiado para se poder fazer as balizas na montanha, sem correr o risco de haver acidentes, pelo vento forte que se fazia sentir...
...eu a tentar decidir o que fazer...descolar ou não descolar...
...o Director de prova, ao ouvir os pilotos a referirem nivel 3, porque houve vários pilotos que o fizeram, pediu que a responsável de segurança garantisse que esses pilotos reportassem sómente uma vez, chegando a dizer ao rádio para um desses pilotos se calar, que já tinha dado a sua opinião.
Entretanto começa a discussão entre reports de nível 1 e de nível 3 entre dois pilotos que estavam em voo – um dizia nível 1, o outro imediatamente dizia nível 3...
...e eu a tentar decidir descolar ou não descolar...
....mas estes momentos nas decisões que devo  tomar não são assim pacificos como possam eventualmente pensar. Não são pacíficos porque a verdade é que esta discussão está a ser ouvida por todos os pilotos, sem excepção, pelo rádio de comunicações de cada um, e os que ainda não descolaram, continuam preparados na fila para quando chega a sua vez, se dirigirem para a descolagem e voar.
E eu a tentar decidir descolar, mesmo sabendo que no ar seria muito complicado gerir esta condição, só que chegou a um determinado momento comecei a ficar super stressada, e perguntei à responsável pela segurança – Nicky Moss – eu já bastante alterada, o que era necessário mais para se  cancelar a manga, ao que ela me respondeu que precisava que o director de prova concordasse na decisão.
Ao fim de cerca de 10 minutos mais a manga foi cancelada, e eu comecei a chorar que nem uma madalena porque o stress que fui acumulando foi muito intenso – ver quase todos os pilotos descolados  e eu sentir que tambem tinha que descolar, mas que se o fizesse, provavelmente iria ficar parada no ar, pois se os outros quase parados estavam! E porque este tem sido o filme mais ou menos igual nas últimas mangas aqui realizadas.
Houve mais pilotos que não descolaram...um deles, da Servia, comprou-me um sumo e um chocolate...ele próprio me confessou que estava bem satisfeito por não ter descolado. E ele é  bem peso pesado, bem mais de 80 kg.
As nuvens lenticulares não tardaram a surgir por todo o céu. Não consegui imagem porque a minha máquina ficou sem bateria. As únicas imagens já são bem posteriores e são do telemovel.

Valeu pela festa e jantar que as entidades locais tinham reservado para nós, onde uma das pilotos russa dançou a música turca e deu espectáculo no manuseio do fogo.
E no autocarro de regresso a Pamukkale foi a animação mais fixe: o autocarro onde eu vinha vinham tambem mais de 40 pilotos ( somos ao todo 130 pilotos de todos os cantos do mundo), e alguem resolveu começar a dizer para cantarmos canções de cada nação presente. Eu escolhi cantar “Menina estás à janela”. Gostaram!




Abraço

Silvia Ventura

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

27 Setembro
Hoje escrevo pela segunda vez, talvez para compensar o dia de amanhã, em que está previsto deslocarmo-nos para outro local de voo, e aí se passar o dia de competição até ao momento do jantar, oferecido pelas entidades locais.
Escrevo para vos transmitir que hoje bastantes pilotos estão descontentes por se ter voado nas condições de vento tão forte, como o que se fez sentir. Inclusivê falei com pilotos que me dizem ter aterrado com vento na ordem dos 40 km/hora, tendo sido pura sorte não ter havido acidentes.
Na minha perspectiva, enquanto piloto de asa de série, sinto que se fosse numa situação que não a de competição, teria chegado à descolagem, e em poucos minutos teria decidido dedicar-me a outra tarefa, a outro hobbie, a algo que me desse mais prazer do que estar a levar com rajadas de vento constante.
Constantemente ouço os “ pilotos – Lenda” – Richard Gallon, Stefan S., Américo S., e muitos outros pilotos, dizerem  que é no ambiente competitivo que se aprende muito, e que se cresce, enquanto piloto. Eu própria tambem o digo, há muitos anos, e sei que é assim, porque somos levados a querer superar aquilo que já sabemos, ou a fazer o que alguem está a fazer, e aprendemos muito mais facilmente, pela profusão de opiniões relativas a um mesmo tema...deve ser assim em muitos outros contextos de vida...
...no entanto, é tambem neste contexto, o contexto competitivo que muitas vezes os azares acontecem, e porque não nos contemplamos nas limitações verdadeiras que temos. Hoje estive muito tempo na descolagem a tentar perceber se, descolando, não estaria a ir mais alem da capacidade que eu, em conjunto com o meu equipamento tinhamos de controlar aquela condição de vento. Para alem de que o que eu hoje vi foi uma data de asas de competição – perfeitamente diferentes no glide e velocidade, comparadas com a minha asa de série, ou seja, muito mais eficazes- em formato de candeeiros, sem conseguirem avançar  pelos céus de Pamukkale.
Vá-se lá saber porque que descolei. Mas descolei. Sei que se não o tivesse feito, agora estaria com pena.  Mas tambem vos digo que de todas as vezes que descolei, ao longo desta prova, três vezes tive alguem a ajudar-me, com fisicos de verdadeiros Hercules – o próprio director de prova e o Ulrique, do Staff da PWC.
É uma questão para a qual não tenho resposta. Sei que a componente competitiva é importante para o desenvolvimento pessoal desportivo, mas sei que a capacidade de avaliação de cada um em cada momento é tão ou mais importante, e essa adquire-se ao longo da experiência...
Abraço

Silvia Ventura
27 Setembro
6ª Manga Super Final da Taça do Mundo – Denizli

Alô a todos,
Por aqui está tudo bem. A descolagem de hoje foi a descolagem do platô mais baixo, por a previsão de vento ser, inicialmente entre 5 a 10 nós, passando para 15 a 20 nós para a tarde. Tecto previsto de 2400m.  Com estas previsões foi desenhada uma manga de 72 km.
Mais uma vez o momento da descolagem foi sempre com a presença de vento forte, e não são ciclos térmicos, é mesmo vento, e quando acompanhado de térmica torna-se impossível descolar.  Hoje então pensei várias vezes que tenho negado convites para ir aos locais de Cross Country habituais do Brasil, por serem considerados locais muito ventosos, mas aqui neste local tenho estado a ganhar, com certeza, “balanço” para uma visita ao Brasil...ainda para mais porque ouço os meus colegas brasileiros queixarem-se do vento em demasia, tambem. Lá, pelo menos é sempre a somar km, pelo menos assim parece.
Assim que descolei, subi na vertical uns 100metros, e andei a 3 e a 8 km para a frente. O dia, apesar de ventoso, não estava turbulento, e tentei fazer a primeira parte da prova, muito a custo, sempre com praticamente um só digito de velocidade, o que é, francamente mau.
Dutrante todo o periodo de tempo do meu voo, as intervenções dos pilotos em voo, a informar o Director de Prova das condições aérias foram, de um a três níveis de segurança, repetidos várias vezes o nível 2 de segurança, entre outros pilotos que referiram tambem o nível 1.
Aterrei em segurança, e sem problemas pelo pé,  e aterrei na vertical, por vento forte.
Pouco tempo depois tive a Orlane (França) tambem a aterrar junto de mim, super triste por não conseguir voar a manga. Vi outros pilotos tambem aterrados, todos se queixaram do mesmo – Componente vento –
Eu tambem estou triste porque cada vez mais percebo que dificilmente farei algo melhor  do que até ao momento, pois a condição prevista é sensivelmente igual para os restantes dias...como tal, estou a ver como vou convencer a organização a atribuir um prémio ao último piloto classificado. J
Não tenho referido a alimentação, mas tem sido precária. As sandes fornecidas pela organização são com batata e uns fritos, mas houve um dia de verdadeiro manjar na descolagem, com carne feita no local, arroz, vegetais e fruta. Mas foi só uma vez.
Soube então que há uma senhora japonesa que faz para a equipa japonesa umas bolas super espectaculares de arroz envolto numa alga e que depois as enrola em fita adesiva de cozinha. Fui pedir para me fazer tambem. Mas a primeira investida fui completamente despachada com uma negativa, ao que eu agradeci à mesma com as mãos em sinal de veneração e a dizer “ArigatÔ” “Arigatô”.
Devo ter impressionado a senhora asáitica, porque no dia seguinte tive a Keiko e a Seiko e ainda outro piloto japonês a dizerem-me que se eu quisesse as bolinhas, mas sem a alga, para as ir buscar. E assim fiz. E ainda me deu uma outra bolinha mais pequena, de arroz corado, e todas as que comi são simplesmente maravilhosas. Dentro da bolinha foi colocado peixe, ao que percebi poder-se-á colocar o que quisermos e é uma excelente forma de levarmos energia para comer no momento prévio ás descolagens.
Aqui fica a imagem de hoje : as bolinhas de arroz (envoltas em alga, se quisermos, e com o conteúdo que quisermos)

Opmek (julgo que é beijos)

Silvia Ventura

sábado, 25 de setembro de 2010

25 Setembro
Alô  a todos
Há uns anos atrás quando fiz parte do circuito internacional de provas de parapente (PWC), com a Ventus Team, recordo-me de em algumas mangas ter pensado “Como é possível voar nestas condições??!!!” E a verdade é que os pilotos de então já voavam condições consideradas duras, por vento forte, nuvens com algum desenvolvimento, muita turbulência, enfim. Voavam e mais de 70% dos pilotos faziam a meta...
...Hoje a manga desenhada tinha 107 km de distância, muito vento à mistura, e mais o adicional das nuvens em perfeito desenvolvimento,  para congestus, no final da crista, e cumulos bem “anafadinhos”, mais perto da descolagem e sobre esta tambem. 

Descolei neste cenário, desta vez pedindo ajuda ao Director de Prova - Semih, que ma deu muito bem. No ar senti-me confortável, pois aqui ou nos habituamos a estas condições ou ...habituamo-nos J
Com 3000 mil metros saí para o start, a perder altura rapidamente e deseperadamente , a tentar chegar à segunda montanha onde vi alguns pilotos a enrolar termica, no lado esquerdo da montanha ( a zona aquecida e a barlavento). Cheguei muito baixo, e continuei  a tentar garantir qualquer bafinho termico, o que não aconteceu, e acabei por ficar demasiado baixo e numa zona má, rochosa e floresta sem zona de aterragem.
Tive um assimétrico, seguido de Twist com rotação violenta e embate foçado nas árvores. Não fosse ter aparecido uma familia no tractor, que me ajudou a retirar a asa das árvores, ainda estaria lá agora...
...a equipa rescue da organização surgiu depois de algum tempo, e a partir daí foi apoio total de ambulância para Hospital, tirar RX ao pé magoado, e saber que está só magoado...e pagar 187 liras turcas, de despesa hospitalar.  Ninguem sai do hospital sem pagar, mesmo com as declarações de seguro que tive de mostrar. A não ser que seja  acidente major, segundo o que a  Direcção Hospitalar me explicou, nessa situação não vão pedir ao desgraçado que pague a conta...tratam com as seguradoras.
Problema de hoje: Forcei a situação, acreditei que chegaria ao local onde estavam a subir...e não quis assegurar uma boa aterragem, quis voar a todo o custo.
A grande lição de humildade: depois de mais de duas horas que este senhor com cerca de 50 anos esteve a judar-me a retirar a asa das árvores, a subir acima delas e a expôr-se ao perigo de uma queda, eu quis dar dinheiro para ele ou para os miudos que ele tinha consigo, e este senhor negou...não quis aceitar e ainda me abraçou carinhosamente. Não há palavras, porque nem sei falar a lingua dele e ele só fala mesmo o turco...mas a emoção ainda agora a sinto.
Vou tentar ficar bem, para continuar a voar por terras turcas, mas ainda nem vi o estado da asa... e a minha amiga Xian Pin Hou já me ofereceu a sua medicina chinesa, associada a gelo.
Fica uma imagem inicial da asa “abraçada” ás árvores, antes da chegada da familia que me ajudou.


Abraço
Silvia

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Alô,

Mais uma vez abundam as pequenas histórias e quase tenho medo de me esquecer de algum pormenor importante...
... a descolagem esteve, como habitualmente, no seu melhor, ou seja, com vento forte, e com sinais de grande turbulência  (as aves com voos taralhocos, e as rajadas térmicas, fortes), e cheguei a pensar que a manga seria cancelada por vento forte. 
O voo foi bastante gratificante,  apesar de muito ventoso, mas hoje a térmica não estava assim tão turbulenta na descolagem. Em contrapartida os ciclos estavam relativamente espaçados o que contribuiu para um determinado momento de stress quando eu e a Petra procuravamos uma boa térmica e acabamos por quase fazer o voo de abelha,  à procura sem a conseguir...
... Os momentos de decisão de ir por um ou por outro lado da montanha foram interessantes, pois tinha grupos quer num quer noutro lado, e acabei por optar pelo lado mais exposto ao sol, independentemente da direcção do vento, o que acabou por ser a  melhor opção.
Na fase final do voo do meu voo, senti que as térmicas estavam bastante partidas pelo vento forte que se fazia sentir no vale, e como a ultima baliza já ficava no vale, ditou para mim o final do meu voo, pela hora tardia do dia, já com térmica muito fraca e partida.
Problemas de hoje: start tardio, o que no meu caso, por ser mais lenta, fez com que na fase crucial do voo tenha coincidido com a fase final do dia, inclusivê com a entrada de cirros.
Valeu pela experiência da aterragem, com um pequeno grupo de miudos curiosos, e uma familia que me deu boleia até à sua casa, que insistiu em que eu aceitasse um gelado, me ofereceu comida, me levou a ver as suas vacas, e queriam que eu dormisse na sua casa... e que deliraram com as fotos que eu lhes tirei...ao pormenor de a dona da casa ir mudar de lenço para melhor ficar na fotografia.

E ninguem da família ou da aldeia fala outra lingua que não o turco...mas eu e a minha super chek list com palavras e verbos em turco, apercebi-me de alguns verbos, nomeadamente o tal verbo "yemek", o verbo Comer...então a familia insistia com o Yemek e Içmek - comer e beber...e eu agradecia sempre - "Tesekkur Ederim"
E depois claro, afinal o meu carro de recolha demorou SÓ 4 horas na recolha, para apanhar SÓ 4 mulheres: A Xiang Ping Hou (China), a Keiko (Japão), eu (P)e a Orlrane (França) ...
...Jantar memorável, com mais umas presenças, a da Petra e a da Seiko.
Por último, as vossas msg são verdadeiros estimulos para cada momento que estou aqui a viver ser tão especial, por saber que depois de vivido posso partilhar convosco e isso é uma sensação única...obrigada pela vossa presença J








Abraço

Silvia Ventura

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Alô a todos

Por aqui tudo bem

Tenho tanto para contar, que até tenho receio de não saber como começar...

...para já, e falando do local de voo, este local é realmente muito impressionante. Estamos a descolar numa zona tipo meseta montanhosa, ou seja, do plano, onde fica a vila de Pamukkale, sobe-se a um primeiro platô onde fica uma zona de voo, e com uma zona de plano muito ampla. A seguir sobe-se mais e fica o 2º platô onde temos descolado estes dias, e onde fica a cadeia de cristas e vales onde estão localizadas a maior parte das balizas. As cristas de montanha, mais acentuadas para a direita da descolagem ( NE), são impressionantes, cheias  de floresta densa, e zonas de aterragem sómente nos vales. Esses vales, são relativamente abertos, mas pronunciados e sinuosos.
O dia de hoje começou por ser super ventoso. Mais de 30 km/h. Mas o Paulo tinha-me enviado uma msg com a info sobre a meteo, o que me deu confiança para aos primeiros sinais de abrandamento, começar a preparar o equipamento. E rapidamente se fez o breefing, com hora de abertura para janela e start. No inicio vi muitos pilotos na dúvida para descolar. Eu, mais uma vez, não tive mesmo hipótese de descolar mais cedo...por vento muito forte e lateral, e pela massa de pilotos em delírio para descolar.  Quando descolei, ao fim de um pouco, quase desejei não o ter feito - super turbulento,  e completamente a sotavento ...e logo a seguir, mesmo com a asa bem travada, levei o maior fecho frontal que tenho memória, mais todas as réplicas por muito tempo, até ter sido literalmente encostada numa zona escoada de vento, fora completamente da rota prevista...foi um filme conseguir vir novamente para a frente da descolagem – para a máquina de lavar – mas foi aí que consegui a primeira térmica super, que me levou aos 2600 m. A seguir foi avançar para a direita da descolagem, para a tal zona de montanha e cristas, muito devagar, apesar de ir com pé na tábua. Mas acreditem, o meu pé na tábua não pássa de mera brincadeirinha ao pé destes pilotos.
Voltei a ter dificuldade em “dominar” a potência térmica, no fim da B27, que coincide com a reunião das duas cristas, e onde se começou a montar uma confluência, aos 3500m, e desta vez, depois de baliza feita e pensar que aterraria a sotavento, no fim de vale, lá consegui fazer tecto. Não via nenhum piloto, ou melhor, tinha-os visto a todos, mas já havia muito tempo, e com objectivos distintos: eu a tentar chegar à baliza, e eles já a divertirem-se no regresso, na base da confluência...
Bom, para abreviar,  na última parte do voo, só vos quero dizer que fiz tecto, e fui contra vento para a penúltima baliza, para fazer 5km, em que perdi literalmente 1000m, e depois continuei a perder, até fazer a última baliza, e fiquei a 4km do golo... porque o plano de facto não está a funcionar, para alem disso o dia térmico acaba cedo...

Mas de qualquer forma isto é sempre a andar...os 130 pilotos inscritos chegam quase sempre ao fim de meta. Nem passa pela cabeça não ser assim...eles são os super do Mundo.

Está a ser uma super experiência para mim, em todos os sentidos da palavra. A condição de voo; a minha percepção do nível de voo (da minha e da que me rodeia); a partilha que vou conseguindo fazer com alguns pilotos; alguns reencontros e reconhecimento mutuo, outros, apesar de verdadeiras lendas do parapente estou a conhecer pessoalmente agora, como por exemplo o Stefan Stieglair da Airwave, o Conrad da Air Cross, entre outros, e estarmos a jantar todos na mesma mesa e eu quase já falar em alemão tambem; a hora da reza muçulmana que acontece por vários periodos no dia, e tambem na madrugada, pelas 5h da manhã, tipo os sinos das igrejas portuguesas, só que aqui são as rezas para toda a vila ouvir...
... e a população super calorosa ...e aqui ficam mais umas fotos, umas aéreas e outras com miudos que me viram aterrar..

Fiquem bem,
Abraço a todos
Sílvia




quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Gunaydin (bom dia)
1 dia de manga - Super Final da Taça do Mundo em Parapente- Denizli

Manga de 71 km, 8 balizas, com fim de meta em Pamukkale
Dia com inicio de vento fraco, a aumentar para o fim do dia, inicialmente de frente para a descolagem (virada a sul) a rodar para NE, o que se veio a verificar mais cedo que o previsto. Tecto inicial previsto de 2300m, a aumentar para 2700m
A abertura da janela foi feita, e os pilotos foram descolando nos curtos intervalos de vento de frente, havendo bastantes ciclos prolongados com vento muito lateral e vento de trás.
A condição térmica tambem pareceu estar fraca no inicio do dia.

O meu voo: descolei 1h depois da abertura da janela, com vento muito lateral, e com poucos pilotos como referência. Fiz 2050 metros de altura, com térmica bastante turbulenta, e avancei para o plano, para fazer o Start e seguindo para a 1ª baliza.
Constatei que o plano não está a funcionar mesmo (os pilotos dizem que setembro já é muito tarde para a térmica do plano funcionar) comprovando o que vários pilotos já tinham dito. Fiquei muito baixo sem conseguir nenhuma térmica, acabando por aterrar junto da 1ª baliza. E ainda tive que me desviar, em voo, de uma zona de aterragem, por ter dois cães enormes, muito zangados, que não paravam de correr e ladrar que nem loucos, o que me pareceu francamente perigoso ter de enfrentar.

Do que pude apreciar das opiniões dos pilotos: manga dificíl, lenta, e com muito vento de frente. Condição térmica boa sómente sobre as cristas de montanha.
O que eu pude apreciar: estes pilotos voam super bem, com muita calma e capacidade de análise da condição de voo. Tambem pude constatar que em menos de 45 minutos toda a linha de montanha tinha nuvens Congestus em formação. E constatei os meus erros de hoje: fazer a descolagem muito tardia e não garantir mais altura antes de sair para o Start. E os erros pagam-se...

Deixo-vos umas fotos de uns miúdos que ficaram muito contentes por me ver aterrar, insistiram em me ajudar e, por último, deliciaram-se em tirar fotos uns aos outros com a minha máquina fotográfica ...

Resultados - em 133 pilotos, 97 fizeram fim de meta. Eu não! Amanhã tentarei novamente.

Podem acompanhar tudo, fotos, filmes e comentários em

http://www.paraglidingworldcup.org/taxonomy/term/98




segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cá estou em terras turcas, em Pamukkale, Denizli.
Chegar cá já foi uma aventura e tanto. Depois de uma surpresa fantástica de algumas colegas no aeroporto e da sua oferta do Bob, o mê cão peluche, ninguem pensaria que a minha saída de Lisboa não seria exactamente pelas 11h 10 minutos, como programado.

Para começar o avião que faria a ligação Lisboa - Paris depois de duas horas na placa e com todos os passageiros dentro, foi cancelado.

Agora imaginem o que é um grupo de mais de 100 passageiros a quererem ser distribuidos por outros voos, já completamente cheios...com a ajuda "caída do ceu" do Paulo Nunes (afinal és mesmo um anjo, com ou sem asas!!), das dicas do Miguel Herculano e do Paulo Silva, e da presença reconfortante do Finote...
 ...foi possivel ficar colocada num voo Lisboa - Frankfurt, com ligação para Istambul e após duas horas de sono no areoporto de Istambul - literalmente no banco de metal - fazer a última ligação aérea - Denizli.

Já no areoporto de Istambul, no tapete das bagagens, vi uma asa a sair, e fiquei satisfeita pois já iria ter alguem do meio parapentistico comigo. Fiquei muito satisfeita quando vi que era a Joanna di Grigoli, da Venezuela, e foi na sua companhia que partilhamos o sono nos bancos do aeroporto.

Depois foi o esquecimento da mala...esse foi rapidamente resolvido, e o stress do cartão multibanco que não me permitiu o levantamento de dinheiro perto das 3h da manhã, quando cheguei a Istambul, aparentemente por estar no horario de actualizações bancárias...

Agora já cá estou, num clima soberbo e ameno de 24 graus no fim de tarde, num hotel bem simpático, por sinal é o local do secretariado da prova.

Muitos pilotos já chegaram, e começa o frenesim habitual dos cumprimentos, das felicitações por estarem seleccionados, das conversas sobre os últimos voos realizados, dos ajustes feitos ao equipamento desde a última estapa competitiva, enfim, o clima bem saudável competitivo do Parapente ao melhor nível.

Algumas imagens de Pamukkale, que mostram as formações calcárias que caraterizam esta zona




Amanhã é dia oficial de treinos e registo/inscrição dos pilotos.

domingo, 19 de setembro de 2010

Dia D
É Hoje! O avião parte daqui a pouco…
…mas antes disso quero deixar um agradecimento muito especial a algumas das pessoas que ajudaram a tornar possível este momento – as minhas colegas que me disponibilizaram as suas folgas…
…à Nélia, à Neves, às Anabelas, à Guidi, à Chefe Dina, e a todas as minhas e meus colegas que me apoiam
Aos meus amigos Samuel e Lena, e Wind
Ao Paulo, meu companheiro e que me brinda com o seu apoio incondicional
Aos meus amigos e conhecidos, com os quais me vou cruzando na vida
A todos, com amor

E Agora vamos lá embora, para a SUPER FINAL da TAÇA do MUNDO, em PARAPENTE - DENIZLI - TURQUIA
Para fazer o quê???

                         Para Voar, Voar muito, e em Segurança

Silvia


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

  PREPARATIVOS ...

EQUIPAMENTO -
  • Asa
  • Arnês
  • Paraquedas reserva
  • Capacete                                                                                          CHECK
  • Fato voo
  • Botas de voo
  • Luvas
  • Instrumentos de Voo - Rádio, GPS(2)
MALA
  • Roupa - alguma (interior/exterior)
  • Mini-toalha
  • tenis/chinelo
  • Artigos Higiene                                                                                  CHECK
  • Carregadores de bateria, (GPS/Rádio/Maquina fotográfica/Telemóvel)
  • Óculos Voo
  • Camelback
MALA de MÃO
  • Carteira
  • Documentos (Passaporte/Cartão Europeu de Seguro de Doença - só serve na Europa, Seguro Desportivo, Licença de Voo - Federação Portuguesa de Voo Livre, IPPCard - International Pilot Proficiency Identification, pela FAI - Federation Aéronautique Internationale)
  • Lista contactos - Hotel, Embaixada, Organização da PWC
  • Telemóvel  
  • Máquina fotográfica                                                                            CHECK
  • Bilhetes de avião - Lisboa - Paris - Istambul - Denizli
    • Saída Lisboa dia 19, pelas 11h, regresso previsto a 3 Outubro, 22h50

ALMA
  • Carregada com o carinho e amizade de todos vós :)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Para os que não poderam assistir à minha entrevista, podem fazê-lo ainda no Canal Sport Tv 3
  • Amanhã - quarta feira, dia 8 ás 22h10
  • Quinta feira, dia 9  ás 16h30
  • Sábado, dia 10 ás 10h

Para já, fica aqui o teaser, só para despertar a curiosidade...

sábado, 4 de setembro de 2010

Fui contactada pela jornalista Catarina Faustino, da SPORT TV 3, para a realização de entrevista de carácter desportivo.
A peça vai passar na próxima terça feira, dia 7 de Setembro, pelas 19h (horário a confirmar) Programa 2ª PELE.
Foi gravada em momentos diferentes, o primeiro na Serra do Louro - Palmela, onde estou com o equipamento completo - asa, cadeira de voo, instrumentos de voo, botas, fato...e onde simulo uma descolagem, e o segundo momento foi a entrevista em estudio, que aconteceu recheada de surpresas para mim, com o convite a algumas pessoas significativas na minha vida, enquanto mulher, desportista e profissional ....e que contribuiram com mensagens de reforço muito positivo...

.......a par das mensagens que tenho recebido, bem posso dizer que os patrocinios emocionais têm sido incrivelmente motivadores. Obrigada.


Para mais, fiquem sportizados no canal 3 no dia 7 de Setembro...eu vou estar.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Olá,
Tenho um blog para escrever sobre as minhas vivências em Parapente.

Parapente é o meu hobby preferido, é mais que um hobby...é uma forma de estar no mundo...alguem meu amigo voador diz que...nós, voadores, sabemos mesmo porque os pássaros cantam...

Parapente é isso mesmo para mim. É a minha música. É a minha vida. Eu vivo como voo, e voo como vivo. (tambem uma expressão de outro amigo do voo)


Terminei o Campeonato Nacional, e pelo sétimo ano consecutivo, sou Campeã Nacional 2010

Em 106 pilotos a competir no Campeonato, fiquei em 21º Lugar

E como participei na última etapa (antes da final) do circuíto da Taça do Mundo, que se realizou cá em Portugal, na Serra da Estrela, de 8 a 14 de Agosto, finalizando em 4º Lugar na classificação feminina, fiquei seleccionada para a SUPER FINAL da TAÇA do MUNDO, na TURQUIA.

SUPER, não é?

Super oportunidade de competir com os melhores pilotos de Parapente do Mundo.
Super oportunidade de conhecer novos locais de voo, paisagens, pilotos, e as gentes locais.

Super despesas tambem, por isso estou em busca de apoios para financiamento das despesas de inscrição, viagens e alojamento.

A SUPER FINAL da TAÇA do MUNDO vai decorrer de 21 Setembro a 2 de Outubro de 2010, e conto poder dar noticias aqui no blog

Até lá, preparativos de viagem...



2º Lugar de Equipas na etapa da Taça do Mundo - Serra da Estrela




Eu e a minha TRITON, no vale de Chaves - foto cedida pelo meu amigo João Brum
Competição Mirandela 2010